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Como países americanos, europeus e emergentes entendem os negócios sociais?


Há sempre confusão e imprecisão quando debatemos sobre empreendedorismo social e negócios sociais. Qual a diferença entre negócios sociais e terceiro setor? Como alinhar lucro e impacto social? Empresas sociais são a mesma coisa que negócios sociais? A lista de perguntas é extensa.

Ao se analisar os temas mais pesquisados na ciência quando o assunto é empreendedorismo social, constata-se que o principal deles é a elucidação e clarificação do termo. Afinal, o que é empreendedorismo social? O que são negócios sociais? Nada mais natural para um campo ainda adolescente, mas já com grande aceitação e crescimento entre os diversos atores e grupos da sociedade.

Empreendedorismo social descreve, de forma ampla, toda iniciativa de pessoas e organizações para resolver problemas da sociedade. Dentre elas podemos citar as principais como filantropia, organizações do terceiro setor, trabalhos voluntários e, claro, os negócios sociais.

O ponto de partida para compreender negócios sociais é saber que eles possuem dois objetivos igualmente importantes: impacto social e sustentabilidade financeira. Tais organizações, diferentemente de ONG´s e OSCIP´s, por exemplo, possuem autonomia financeira completa (ou parcial) para gerar impacto positivo na sociedade. Porém, dentro desse escopo, há nos milhares de negócios sociais do mundo diferenças relevantes, apesar das caraterísticas semelhantes.

A confusão muitas vezes começa pelo próprio nome. O que é correto? Negócios sociais, empresas sociais ou negócios de impacto? Há diferença ou tratam da mesma coisa? Para responder a tais perguntas, costumo utilizar um artigo científico dos professores Edgard Barki, Luciana Aguiar e Graziela Comini onde três perspectivas são analisadas para se definir negócios sociais.

A primeira delas, a europeia, nasce da tradição da economia social (cooperativas e associações), enfatizando o papel da sociedade civil nas funções públicas. Normalmente chamados de social enterprise (empresas sociais), possuem três subgrupos distintos:

  • Empresas que promovem inclusão social e empregabilidade.

  • Empresas que produzem bens e serviços com utilidade social e direcionados para atendimento de interesses coletivos.

  • Empresas que promovem economia local e desenvolvimento social encorajando a participação de cidadãos e governo local em sua gestão.

Já na perspectiva americana, negócios sociais são organizações privadas que aplicam a lógica de mercado para resolver problemas sociais. Usualmente conhecidos como social business, utilizam os lucros como forma de gerar escala e atrair investidores e parceiros à organização.

Por fim, há a perspectiva dos países em desenvolvimento. Aqui os negócios sociais se apresentam como iniciativas de mercado que objetivam a redução da pobreza e a transformação de condições sociais de indivíduos excluídos e marginalizados. Conhecidos como social business ou negócios de impacto, há nesse grupo uma subdivisão: nos países da América Latina, negócios sociais são operacionalizados por pequenas e médias empresas, sendo que negócios inclusivos são uma subcategoria existente. Já nos países asiáticos, liderados pelo prêmio Nobel Muhammad Yunus, há o primeiro foco, onde o negócio gera benefício social e os lucros são reinvestidos na própria organização e o segundo, em que negócios tradicionais com foco na maximização dos lucros pertencem a pessoas pobres e que compõem a base da pirâmide.

Os mesmos autores propõem um framework para se analisar negócios sociais a partir de catorze dimensões, sendo que a variação se dará em um continuum entre negócios com grande ênfase no mercado e, na outra extermidade, com grande ênfase em aspectos sociais :

* BoP: base of the pyramid, ou base da pirâmide. Referência à pirâmide de renda, onde na base encontram-se as pessoas de baixa renda.

No artigo os autores ainda propõem uma análise das três perspectivas (Europeia, Americana e de Países Emergentes), com um exemplo brasileiro de cada , a partir de oito dimensões-chave.

Tenho o hábito de utilizar em minhas palestras a divisão feita pelos professores da Wharton Business School em seu curso de empreendedorismo social. Inclusive a utilizei em meu livro por achar que sintetiza muito bem os principais gêneros de organizações, sendo analisados de acordo com os dois pontos de partida dos negócios sociais: impacto social e sustentabilidade financeira:

Cabe reforçar que ainda há muito o que se observar, pesquisar e debater. Friso também que existem outras dezenas de divisões, classificações e explicações. Entretanto as apresentadas nesta postagem me parecem suficientes para ação: principal característica do empreendedor social.

Portanto, ao planejar um negócio social, pense, em primeiro lugar, se ele visa o impacto social e a sustentabilidade financeira. Se a resposta for positiva, você estará empreendendo socialmente e terá, como possibilidade, vários formatos para mudar o mundo para melhor!

Um abraço!

Gabriel Cardoso

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FONTE: COMINI, Graziella; BARKI, Edgard and AGUIAR, Luciana Trindade de. A three-pronged approach to social business: a Brazilian multi-case analysis. Rev. Adm. (São Paulo) [online]. 2012, vol.47, n.3, pp. 385-397

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