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Você já pensou sobre o seu pensamento?


Certo homem uma vez pintou seu carro com uma cor de cada lado, e, quando questionado a respeito de estranha atitude, respondia que queria se divertir, caso sofresse um acidente, com as testemunhas se contradizendo no tribunal. Com esse exemplo, Edward de Bono – a principal autoridade no tratamento do pensamento como uma habilidade – exemplificava algo comum em debates e discussões: com frequência todos os envolvidos têm razão, mas estão abordando aspectos diferentes de uma mesma questão, e por isso não chegam a um ponto comum.

Em ambientes organizacionais como os que convivemos -- durante reuniões e situações de planeamento, criação e decisão – precisamos com frequência debater ideias. O resultado do debate pode se tornar mais ou menos produtivo por várias razões: em decorrência do grupo ou das pessoas envolvidas, pela forma como é conduzido ou mesmo pela compreensão de que situações podem ser encaradas por diversas óticas.

Temos, naturalmente, uma tendência para abordar questões que surgem no cotidiano profissional de acordo com nossos pontos de vista individuais: alguns são mais pessimistas, outros emocionais, enquanto há aqueles extremamente racionais. Tal viés individual prejudica o aprofundamento e a abordagem ampla e holística de tais questões, comprometendo o resultado que, em uma boa parte dos casos, acaba possuindo esse “defeito de pensamento”.

A partir do problema identificado, De Bono – também criador dos conceitos de pensamento lateral e pensamento paralelo – propôs a técnica dos seis chapéus de pensamento, onde a cor de cada um dos chapéus define um modo de pensar específico, e ambos somados propiciam uma abordagem mais completa de questões enfrentadas em debates e discussões intergrupais, interpessoais ou mesmo intrapessoais.

Aí você pode se perguntar: mas por que “chapéus de pensamento”? Eu explico: o autor pede para você, ao iniciar debate sobre uma questão, imagine estar utilizando um chapéu de uma cor que carregará consigo determinadas características. Ao utilizá-lo, você só poderá tratar da referida questão a partir de tais características.

Vamos a eles!

Chapéu Branco

O branco é neutro e objetivo, portanto ao simular o uso do chapéu branco você precisa se ater apenas a fatos e números de maneira objetiva, ou seja, sem interpretá-los. Recomenda-se diferenciar fatos de crenças, fatos de probabilidades e quantificar aquilo que é possível, tornando exatas as interpretações.

Você, ao utilizar tal chapéu, deve se ater a validade e confiabilidade de fatos e números apresentados, e se perguntar se são realmente verdadeiros.

Ensaio: imagine-se agora utilizando o chapéu branco e analisando um negócio social que pretende criar.

Chapéu Vermelho

O vermelho sugere emoções, como paixão e raiva, portanto o uso desse chapéu pede que se apresente uma visão emocional sobre o tema em questão, ou seja, o oposto da informação neutra e objetiva a que se refere o chapéu branco.

Aqui você pode apresentar palpites, impressões, intuições sem a necessidade de justificá-los e nem embasar os motivos.

Ensaio: agora reflita sobre o mesmo negócio social que pretende criar, só que com o viés do Chapéu Vermelho.

Chapéu Preto

A cor preta é séria, fechada e sombria, portanto a utilização desse chapéu está vinculada à cautela, prudência e cuidado. Diríamos que aqui entra a famosa expressão “advogado do diabo”, atribuída a pessoas que apresentam muitas objeções sobre um tema e são taxadas pelos demais de pessimistas.

É o chapéu mais usado dos seis e talvez seja o mais importante de todos. Ao utilizar tal chapéu, sugere-se algo que não pode funcionar, aponta-se problemas e dificuldades, levanta-se a importância de conservar valores éticos e morais, indica-se erros de raciocínio, ressalta-se os possíveis riscos e questiona-se a origem de tais conclusões. Ufa!

Muito cuidado com a utilização excessiva desse chapéu! Por termos um grau variado de sensibilidade a riscos, muitas vezes o tornamos nossa única e inseparável peça.

Ensaio: agora, imaginando-se com o Chapéu Preto, reflita sobre o negócio social que pretende criar.

Chapéu Amarelo

O amarelo é uma cor positiva, alegre e que lembra o sol, portanto ao adotá-lo deve-se ter pensamento positivo, de esperança e animação. Nesta etapa o pensamento deve ser construtivo, otimista e com enfoque nos benefícios e pontos fortes da questão em debate. Não se trata de um otimismo infantil, mas de uma postura positiva que tenha probabilidade de se concretizar.

É um pensamento construtivo, que olha para o futuro e visualiza o melhor cenário possível.

Ensaio: é o momento de utilizar o Chapéu Amarelo para pensar em seu futuro negócio social.

Chapéu Verde

A cor verde representa a natureza, a vegetação, o crescimento fértil e abundante. Este chapéu, da criatividade, propõe o surgimento de novas ideias, alternativas e opções à questão em debat, que podem ser óbvias e/ou inéditas.

Ao utilizá-lo, você deve elaborar novos conceitos, sugerir novas percepções e propor ideias e alternativas diferentes do ponto central do debate, ou seja: uma nova abordagem para um problema antigo.

Ensaio: imagine-se com o Chapéu Verde e busque gerar alternativas e novas ideias relacionadas ao negócio social em questão.

Chapéu Azul

O azul é a cor do céu, que está acima de tudo, e que possui a serenidade necessária para controlar, organizar e dirigir a utilização dos outros cinco chapéus. Você pode, ao usá-lo, imaginar-se como um maestro buscando extrair os melhores resultados dos outros chapéus. Aqui você vai pensar, instruir e organizar os pensamentos anteriores, fazendo as perguntas certas, definindo o problema adequadamente e determinando o papel, a tarefa e o desempenho de cada um dos chapéus.

O encerramento do processo se dará aqui, com uma observação geral, a coleta de dados, a sistematização e as conclusões resultantes das etapas anteriores.

Ensaio: é o momento de utilizar o chapéu azul e alinhar toda a reflexão gerada durante a utilização dos chapéus anteriores e, a partir daqui, tomar as decisões necessárias para a criação de seu próprio negócio social.

Você, individualmente, ou as pessoas envolvidas em um processo de debate de ideias podem assumir um, alguns ou todos os chapéus, sendo direcionados por aquilo que eles representam. O ensaio que fizemos foi individual, mas o chapéu pode e deve ser usado em processos grupais.

De acordo com o perfil de cada integrante ou de cada equipe, a utilização de um determinado chapéu pode ser mais solicitada. Em grupos muito pessimistas, o chapéu amarelo pode ser um bom contraponto. Em equipes emotivas, o chapéu branco contribuirá positivamente e, se o time é pouco criativo, estimular o chapéu verde trará bons resultados.

Utilizo essa técnica individualmente, mas também com meus alunos, parceiros de negócio e colegas de trabalho. Ela nos permite o aproveitamento maior da inteligência, experiência e conhecimento de todos; economiza tempo nas reuniões; remove egos e vícios de pensamento; e sistematiza o debate de ideias, tornando-o mais produtivo, rápido e organizado.

Recomendo, não só para empreendedores sociais, como para qualquer profissional!

Fraternal abraço.

Gabriel Cardoso

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