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Gabriel Cardoso

Como lidar melhor com mudanças?


impactosocial

“As pessoas têm medo de mudanças. Eu tenho medo de que as coisas nunca mudem". Chico Buarque

Em sala de aula, ao falar sobre mudanças, costumo perguntar aos alunos quem ali tem medo de mudança. Assim como nós, a maioria possui, mas nem todos admitem. Quando alguém não admite continuo a explicação e pouco tempo depois peço algo simples: para que aquela pessoa mude o lugar em que está sentada. A resistência é, invariavelmente, observada na pessoa e só depois de um tempo o aluno percebe que por meio daquele comportamento negou o que havia afirmado anteriormente.

E por que estamos falando de mudança? Porque vivemos em uma sociedade que muda constantemente. Nossos hábitos, comportamentos, nossa cultura, enfim, nossa vida em sociedade vive em constante mudança. Não sou eu que estou afirmando: a modernidade líquida, metáfora criada por Zygmunt Bauman, retrata essa condição: nada se prende a um estado, tudo se comporta como um líquido em constante transformação. Outro filósofo, mais antigo, chamado Heráclito de Éfeso (540 a.C) afirmava que “nada é permanente, exceto a mudança”. Um pouco mais a frente Charles Darwin (1809-1882) cunhou sua principal máxima que dizia “não é o mais forte que sobrevive, e sim o mais adaptável a mudanças”.

Mudança é uma troca de estado e os três tipos mais comuns que enfrentamos são as mudanças culturais, organizacionais e individuais. Na primeira o que se altera são os aspectos culturais de um país, uma cidade ou um grupo; a organizacional muda a dinâmica de uma organização, como seus custos, processos e práticas; e a individual é a mudança que nos faz ser diferente daquilo que fomos até então.

E o medo da mudança? Com tranquilidade posso afirmar que se trata de um padrão relativamente comum no ser humano. Algumas pessoas o têm de forma mais marcante e outras possuem pequenos traços, mas em linhas gerais a maioria de nós o possui. Existem várias teorias para explicá-lo e uma das que mais fazem sentido é a que afirma que há uma tendência do ser humano em perceber prioritariamente aspectos negativos em relação a positivos. O que pode dar errado é visto com ênfase maior do que aquilo que pode dar certo.

Se a situação de mudança é frequente em nossas vidas e se o medo também o é, precisamos nos preparar para enfrentá-los positivamente. Sejamos empreendedores sociais ou estejamos em vias de ser, faz-se necessário conviver bem com mudanças: as mudanças no mundo, em nossas vidas e as que por vezes precisamos para nos tornar pessoas melhores. Os que não mudam estão fadados à estagnação ou ao fracasso, portanto aceitar a necessidade e inevitabilidade de mudanças, permitirá a nós ver os períodos de transição não como ameaças, mas como oportunidades.

De forma geral, três são os estilos das pessoas quando se trata de mudanças:

  • Conservador: geralmente pessoas cuidadosas, disciplinadas e que preferem a situação atual a que esteja por vir. Apreciam a previsibilidade, são cautelosas, inflexíveis, venerando tradições e práticas estabelecidas, além de por vezes concentrarem-se excessivamente em detalhes das rotinas.

  • Pragmático: normalmente pessoas práticas, flexíveis e dispostas a aceitar a mudança em alguns casos. Se a mudança parecer viável, tendem a concordar já que se preocupam mais com os resultados do que com as estruturas.

  • Deflagrador: em geral passam a impressão de desorganizados, indisciplinados, e espontâneos. Preferem mudanças que desafiem as estruturas atuais e provavelmente desafiarão premissas aceitas. Apreciam riscos e incertezas, mas são pouco práticos. Podem considerar políticas e procedimentos adotados como irrelevantes e passar a impressão de visionários.

Identificou o seu estilo? Se não, volte ao texto e identifique. Agora sim: independentemente do estilo, todos eles têm qualidades e defeitos. Cabe a você preservar a qualidade e eliminar os defeitos. Aliás, a eliminação dos defeitos será uma espécie de mudança pessoal.

Toda mudança pessoal, inclusive, passará por quatro fases:

  • Reconhecimento: momento em que se reconhece a necessidade de mudar. Brinca-se que quando um problema é identificado, metade dele já foi corrigido. Metade não, eu diria que ¼.

  • Descongelamento: etapa que consiste evitar a condição nociva (comportamento, hábito ou situação) e removê-la de sua rotina.

  • Nova situação: substituir a condição nociva ultrapassada por uma atual que seja saudável. Exemplos de substituição: comer muito > fazer atividades físicas; fumar > mascar chicletes.

  • Congelamento: manter a condição alterada para que ela se transforme em algo habitual. Alguns dizem que precisamos de 90 dias ininterruptos de uma prática para que ela se transforme em rotina. Eu diria que precisamos de mais, muito mais.

Agora que você já identificou o seu estilo e conheceu as fases da mudança, chegou a hora de mudar, não é? Ou você tem a famosa Síndrome de Gabriela? "Eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim... Gabriela... sempre Gabriela".

Já que chegou a hora de mudar, vamos a um exemplo: imagine agora que você não tenha perseverança (característica fundamental para o empreendedor social) e queira mudar esse traço negativo. Você também pode imaginar qualquer outro exemplo: parar de fumar, evitar o egoísmo, mudar de emprego, estar mais aberto a opiniões contrárias e por aí vai. A ideia é que sirva como ilustração, apenas. Imaginou? Certo. Então vou apresentar seis passos que podem te ajudar no processo de mudança:

  1. Identificar: identifique e caracterize o problema. Escreva sobre ele, relate como ele te incomoda, que prejuízos pessoais decorrentes dele você já teve, enfim, tudo aquilo que possa tornar claro a necessidade pessoal de mudança.

  2. Descrever futuro desejável: como será o futuro com a eliminação do problema? O que irá melhorar na sua vida? Seja realista e instigante nesta etapa.

  3. Traçar um plano: trace um plano simples com todas as pequenas tarefas necessárias para eliminar o problema. Se você fizer uma espécie de passo a passo, é melhor ainda. Lembre-se de colocar datas para conclusão de cada uma das tarefas e a data em que alcançará o futuro desejável.

  4. Mudar: agora coloque o plano em prática. Lembre-se das fases da mudança, portanto aqui se faz imprescindível ter foco, persistência e flexibilidade. Caso você não tenha essas três últimas características, sugiro que comece a mudança pessoal no sentido de adquiri-las.

  5. Checar resultados: verificar constantemente as tarefas que foram bem-sucedidas e aquelas que precisam de correção e readequação. O controle garantirá a perpetuação da mudança no longo prazo.

  6. Comemorar: conseguiu? Então comemore!

De nada adiantará o post que você acabou de ler se não colocá-lo em prática, não é verdade? Comece agora mesmo a preparar aquela mudança que você sempre quis realizar, mas nunca teve a iniciativa necessária para tal.

Dúvidas ou sugestões? Fale comigo aqui embaixo ou mande um e-mail.

Felicidades!

GC

“O reformador tem inimigos em todos aqueles que se beneficiam da ordem antiga”. Maquiavel

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